Os Portland Trail Blazers são uma das maiores surpresas do
campeonato – disputam o crédito com os Phoenix Suns. Da equipa de Terry Stotts
previa-se, antes do início da fase regular, uma época dura na luta pelos
playoffs – e muitos não acreditavam sequer no 8º lugar. Mas a verdade é que os
Portland apareceram em grande na metade da temporada. Liderados por LaMarcus
Aldridge, que está a fazer uma época ao nível de um MVP (média de 24 pontos, 12
ressaltos e 3 assistências), acompanhado por um núcleo de irreverentes
atiradores (Lillard, Matthews e Batum) e por alguns role players que têm
surpreendido (o starter Robin Lopez tem sido bastante elogiado, estando a
registar a melhor época da carreira com 11 pontos e 8 ressaltos por jogo e Mo
Williams afirmou-se com um backup guard capaz de manter a intensidade do jogo
exterior da equipa), os Blazers surgem num impressionante 3º lugar na duríssima
Conferência de Oeste.
Contudo, desde o início de 2014 que a equipa tem caído de
produção – desde então sofreram 8 derrotas, das quais 6 foram nos últimos 11
jogos. Os próprios jogadores têm veiculado pelas redes sociais a insatisfação
com o corrente momento de forma. A quebra de produção tem lançado dúvidas sobre
o real valor da equipa de Portland e questões começam a surgir sobre se início
imparável da equipa foi mais uma sequência atípica. Mais do que nunca os
défices dos Blazers tornaram-se evidentes: as dificuldades defensivas (os
Portland são a 5ª pior defesa da Liga em pontos sofridos por jogo – mais de 103
pontos); falta de profundidade no banco e ausência de um 6th man(apenas Mo
Williams tem sido um contribuidor regular); incapacidade de marcar pontos
através de lançamentos de média distância dentro do paint.
Mas além destas já comuns críticas apontadas ao jogo doz Blazers, outros aspectos têm sido determinantes para a quebra do sucesso da
equipa. Reconhecê-los e ultrapassá-los é a tarefa que se impõe a Terry Stots
(se o conseguir, o prémio de Coach of the Year estará mais perto).
1) A equipa de Portland é especialista na conquista de
ressaltos ofensivos – é 5ª na NBA -, conseguindo com isso múltiplos second
chance points por jogo. Robin Lopez tem uma média de 4 por jogo e Aldridge soma
quase 3. Mas na tabela defensiva a questão é distinta. Embora os Blazers não
sejam maus ressaltadores defensivos, também não são dominantes. Ficam a meio da
tabela das equipas com mais defensive rebounds. Mas esta mediocridade acaba por
anular os possíveis efeitos positivos de conseguirem muitos second chance
points no outro cesto.
2) Outro aspecto que merce crítica e mais atenção é a péssima
abordagem defensiva dos Blazers aos atiradores da linha de 3 pontos adversários
desde há alguns meses. Sendo esta uma das armas favoritas da equipa, tal
deveria ser razão para se sensibilizarem para a necessidade de defender estes
lançamentos letais. Os atletas de Rip City parecem tão concentrados em evitar
pontos no paint que se desleixam na cobertura dos atiradores – e isso
evidencia-se na estatística de que a equipa está já na segunda metade em
triplos sofridos por jogo.
3) Continuando na defesa, Damian Lillard (que está a fazer uma
impressionante época, com muitos clutch shots e recentemente escolhido
All-Star) tem sido fraco na defesa. Não é que o habilidoso
base de Portland não acompanhe de perto, e até incomode, o opositor. O problema
é a abordagem que tem para com pick and rolls – Lillard corre e esforça-se
muito na defesa, mas se não aborda os lances defensivos como um trabalho
colectivo, de nada vale tanta dedicação, tornando-se uma presença redundante. O
base precisa de melhorar a leitura do jogo adversário, prevendo movimentos,
conseguindo antecipações e perseguindo o base adversário quando confrontado com
bloqueios.
4) A nível ofensivo, permanece uma insistência em jogadas
individuais com Aldridge e Lillard como protagonistas. O problema de não se
partilhar a bola no lado ofensivo do court é que se tornam os restantes
jogadores egoístas por natureza. Mesmo Batum e Matthews acabam por tentar
lançamentos arriscadíssimos pois raramente conseguem segundos com a bola. A
equipa precisa de trabalhar as penetrações, o passe-e-corte e as movimentações
dos atiradores na busca por melhores lançamentos e diminuir o tempo de bola de
Damian Lillard e o recurso ao jogo interior de LaMarcus Aldridge.
Estes pequenos sinais, embora não sejam críticos – afinal a
equipa mantém-se 3ª na Conferência – podem conduzir a derrotas inesperadas que
facilmente se reflectem em descidas na classificação, face à forte competição
que existe a Oeste. Se os Portland querem chegar aos playoffs em segurança,
chegou a altura de esquecerem que são a equipa surpresa que vai derrotar o
adversário que os menosprezou e começarem a trabalhar para serem vencedores
incontestáveis.