domingo, 9 de fevereiro de 2014

Rip City: chaves para lutar pelo Oeste



     Os Portland Trail Blazers são uma das maiores surpresas do campeonato – disputam o crédito com os Phoenix Suns. Da equipa de Terry Stotts previa-se, antes do início da fase regular, uma época dura na luta pelos playoffs – e muitos não acreditavam sequer no 8º lugar. Mas a verdade é que os Portland apareceram em grande na metade da temporada. Liderados por LaMarcus Aldridge, que está a fazer uma época ao nível de um MVP (média de 24 pontos, 12 ressaltos e 3 assistências), acompanhado por um núcleo de irreverentes atiradores (Lillard, Matthews e Batum) e por alguns role players que têm surpreendido (o starter Robin Lopez tem sido bastante elogiado, estando a registar a melhor época da carreira com 11 pontos e 8 ressaltos por jogo e Mo Williams afirmou-se com um backup guard capaz de manter a intensidade do jogo exterior da equipa), os Blazers surgem num impressionante 3º lugar na duríssima Conferência de Oeste.

   Contudo, desde o início de 2014 que a equipa tem caído de produção – desde então sofreram 8 derrotas, das quais 6 foram nos últimos 11 jogos. Os próprios jogadores têm veiculado pelas redes sociais a insatisfação com o corrente momento de forma. A quebra de produção tem lançado dúvidas sobre o real valor da equipa de Portland e questões começam a surgir sobre se início imparável da equipa foi mais uma sequência atípica. Mais do que nunca os défices dos Blazers tornaram-se evidentes: as dificuldades defensivas (os Portland são a 5ª pior defesa da Liga em pontos sofridos por jogo – mais de 103 pontos); falta de profundidade no banco e ausência de um 6th man(apenas Mo Williams tem sido um contribuidor regular); incapacidade de marcar pontos através de lançamentos de média distância dentro do paint.


     Mas além destas já comuns críticas apontadas ao jogo doz Blazers, outros aspectos têm sido determinantes para a quebra do sucesso da equipa. Reconhecê-los e ultrapassá-los é a tarefa que se impõe a Terry Stots (se o conseguir, o prémio de Coach of the Year estará mais perto).

1) A equipa de Portland é especialista na conquista de ressaltos ofensivos – é 5ª na NBA -, conseguindo com isso múltiplos second chance points por jogo. Robin Lopez tem uma média de 4 por jogo e Aldridge soma quase 3. Mas na tabela defensiva a questão é distinta. Embora os Blazers não sejam maus ressaltadores defensivos, também não são dominantes. Ficam a meio da tabela das equipas com mais defensive rebounds. Mas esta mediocridade acaba por anular os possíveis efeitos positivos de conseguirem muitos second chance points no outro cesto.

2) Outro aspecto que merce crítica e mais atenção é a péssima abordagem defensiva dos Blazers aos atiradores da linha de 3 pontos adversários desde há alguns meses. Sendo esta uma das armas favoritas da equipa, tal deveria ser razão para se sensibilizarem para a necessidade de defender estes lançamentos letais. Os atletas de Rip City parecem tão concentrados em evitar pontos no paint que se desleixam na cobertura dos atiradores – e isso evidencia-se na estatística de que a equipa está já na segunda metade em triplos sofridos por jogo.

3) Continuando na defesa, Damian Lillard (que está a fazer uma impressionante época, com muitos clutch shots e recentemente escolhido All-Star) tem sido fraco na defesa. Não é que o habilidoso base de Portland não acompanhe de perto, e até incomode, o opositor. O problema é a abordagem que tem para com pick and rolls – Lillard corre e esforça-se muito na defesa, mas se não aborda os lances defensivos como um trabalho colectivo, de nada vale tanta dedicação, tornando-se uma presença redundante. O base precisa de melhorar a leitura do jogo adversário, prevendo movimentos, conseguindo antecipações e perseguindo o base adversário quando confrontado com bloqueios.

4) A nível ofensivo, permanece uma insistência em jogadas individuais com Aldridge e Lillard como protagonistas. O problema de não se partilhar a bola no lado ofensivo do court é que se tornam os restantes jogadores egoístas por natureza. Mesmo Batum e Matthews acabam por tentar lançamentos arriscadíssimos pois raramente conseguem segundos com a bola. A equipa precisa de trabalhar as penetrações, o passe-e-corte e as movimentações dos atiradores na busca por melhores lançamentos e diminuir o tempo de bola de Damian Lillard e o recurso ao jogo interior de LaMarcus Aldridge.


     Estes pequenos sinais, embora não sejam críticos – afinal a equipa mantém-se 3ª na Conferência – podem conduzir a derrotas inesperadas que facilmente se reflectem em descidas na classificação, face à forte competição que existe a Oeste. Se os Portland querem chegar aos playoffs em segurança, chegou a altura de esquecerem que são a equipa surpresa que vai derrotar o adversário que os menosprezou e começarem a trabalhar para serem vencedores incontestáveis.