Em
inícios de Fevereiro os Philadelphia 76ers rumaram ao Oeste para defrontar, em
dois dias seguidos, os Clippers e Warriors. O resultado foi terrível e marcou
um dos piores registos da Liga: os 76ers perderam ambos os jogos por um total
combinado de 88 pontos. Mas Sam Hinkie, o General Manager da equipa, não ficou
certamente decepcionado: afinal, construiu a equipa para o fracasso – o chamado
tanking – para que, no próximo draft,
garanta uma das primeiras escolhas e consiga trazer uma estrela em potência
para Philadelphia.
A
decisão mais mediática foi a troca de Jrue Holiday para New Orleans por troca
com Nerlens Noel – um rookie lesionado, que falhará toda a temporada 2013/2014.
Era uma declaração de tanking. Agora
que a época vai a meio é interessante constatar que os Philadelphia, se
tivessem mantido Jrue Holiday, teriam certamente equipa para lutar pelos playoffs
no Este – Jrue Holiday, Michael Carter-Williams, Evan Turner, Thaddeus Young,
Spencer Hawes, etc.. Mas Philadelphia não se arrepende da decisão e continua a
apostar no próximo Draft, como o comprova a disponibilidade para trocar Young e
Turner.
Se ter
uma equipa propositadamente montada para o insucesso pode chocar a essência competitiva
do desporto, nem sempre isso se vai traduzir em partidas difíceis de ver
(apesar do ocasional lançamento em suspensão de Elton Brand, capaz de arrepiar
o fã menos sensível de basquetebol). A verdade é que a aposta – ou falta dela –
dos Philadelphia tem paralelamente permitido que muitos jogadores, que em
qualquer outro cenário não teriam muitos minutos na NBA, apareçam e se exibam
no melhor palco do Mundo. E, quando assim acontece, nascem jogadores
interessantes, versáteis e, sobretudo, baratos que muitas equipas cobiçarão.
São exemplo disto James Anderson,
Tony Wroten e Elliot Williams. James Anderson, após passagens complicadas por San Antonio e
Houston, chegou este ano, pela primeira vez, a uma media superior a 20 minutos
por partida. O versátil jogador soma 10 pontos por partida e uma eficiência de
56% em lançamentos de 2 pontos. Já o
base-atirador Tony Wroten tem-se destacado como uma das melhores novidades da
NBA nesta época. Escolhido por Memphis no Draft, aterrou em Philadelphia após
uma passage infeliz pelos Grizzlies e tem sido uma peça importante da equipa
dos 76ers: em 24 minutos por jogo contribui com 13 pontos, 3 ressaltos e 3
assistências, tendo por especialidade o ataque ao cesto. Por fim, Elliot
Williams, após não ter jogado durante a época de 2012-2013, surgiu em
Philadelphia como um interessante role
player – aufere, este ano, menos de 800.000 dólares – que tem contribuído,
ainda que a uma escala menor, com alguns bons detalhes.
Estes jogadores acabam, graças a
este sinistro cenário de tanking, por
garantir um contrato na Liga, pelo menos para os próximos anos – seja em
Philadelphia ou em qualquer outro franchise.
Já os 76ers ganham peças para o plano futuro de regresso ao topo do Este. Com
Michael Carter-Williams, Evan Turner ou Thaddeus Young, Nerlens Noel (que é,
apesar da lesão, um atleta promissor, especialista em bloquear lançamentos) e o
jogador ou jogadores provenientes do Draft deste ano, podem sonhar com uma
geração duradoura. Até lá, resta ter paciência.