segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

76ers: do insucesso colectivo às oportunidades individuais


     Em inícios de Fevereiro os Philadelphia 76ers rumaram ao Oeste para defrontar, em dois dias seguidos, os Clippers e Warriors. O resultado foi terrível e marcou um dos piores registos da Liga: os 76ers perderam ambos os jogos por um total combinado de 88 pontos. Mas Sam Hinkie, o General Manager da equipa, não ficou certamente decepcionado: afinal, construiu a equipa para o fracasso – o chamado tanking – para que, no próximo draft, garanta uma das primeiras escolhas e consiga trazer uma estrela em potência para Philadelphia.

     
     A decisão mais mediática foi a troca de Jrue Holiday para New Orleans por troca com Nerlens Noel – um rookie lesionado, que falhará toda a temporada 2013/2014. Era uma declaração de tanking. Agora que a época vai a meio é interessante constatar que os Philadelphia, se tivessem mantido Jrue Holiday, teriam certamente equipa para lutar pelos playoffs no Este – Jrue Holiday, Michael Carter-Williams, Evan Turner, Thaddeus Young, Spencer Hawes, etc.. Mas Philadelphia não se arrepende da decisão e continua a apostar no próximo Draft, como o comprova a disponibilidade para trocar Young e Turner.


     Se ter uma equipa propositadamente montada para o insucesso pode chocar a essência competitiva do desporto, nem sempre isso se vai traduzir em partidas difíceis de ver (apesar do ocasional lançamento em suspensão de Elton Brand, capaz de arrepiar o fã menos sensível de basquetebol). A verdade é que a aposta – ou falta dela – dos Philadelphia tem paralelamente permitido que muitos jogadores, que em qualquer outro cenário não teriam muitos minutos na NBA, apareçam e se exibam no melhor palco do Mundo. E, quando assim acontece, nascem jogadores interessantes, versáteis e, sobretudo, baratos que muitas equipas cobiçarão.

     São exemplo disto James Anderson, Tony Wroten e Elliot Williams. James Anderson, após passagens complicadas por San Antonio e Houston, chegou este ano, pela primeira vez, a uma media superior a 20 minutos por partida. O versátil jogador soma 10 pontos por partida e uma eficiência de 56% em lançamentos de 2 pontos.  Já o base-atirador Tony Wroten tem-se destacado como uma das melhores novidades da NBA nesta época. Escolhido por Memphis no Draft, aterrou em Philadelphia após uma passage infeliz pelos Grizzlies e tem sido uma peça importante da equipa dos 76ers: em 24 minutos por jogo contribui com 13 pontos, 3 ressaltos e 3 assistências, tendo por especialidade o ataque ao cesto. Por fim, Elliot Williams, após não ter jogado durante a época de 2012-2013, surgiu em Philadelphia como um interessante role player – aufere, este ano, menos de 800.000 dólares – que tem contribuído, ainda que a uma escala menor, com alguns bons detalhes.


     Estes jogadores acabam, graças a este sinistro cenário de tanking, por garantir um contrato na Liga, pelo menos para os próximos anos – seja em Philadelphia ou em qualquer outro franchise. Já os 76ers ganham peças para o plano futuro de regresso ao topo do Este. Com Michael Carter-Williams, Evan Turner ou Thaddeus Young, Nerlens Noel (que é, apesar da lesão, um atleta promissor, especialista em bloquear lançamentos) e o jogador ou jogadores provenientes do Draft deste ano, podem sonhar com uma geração duradoura. Até lá, resta ter paciência.