Mike
Conley sempre foi um jogador que passou debaixo do radar do detector de
All-Stars da Liga. Já no college, em Ohio State, vivia na sombra de Greg Oden,
como o sidekick daquele que viria a ser 1ª escolha no Draft. O reconhecimento
que ia obtendo publicamente reconduzia-se mais ao facto de ser filho de Mike
Conley, Sr., um atleta olímpico norte-americano em triplo-salto, e sobrinho de
Steve Conley, antigo linebacker da NFL.
Contudo,
a sua boa época em Ohio – 11ppg e 6 assistências – não passou despercebida ao
front office dos Memphis Grizzlies, que o escolheu, apesar dos tenros 19 anos,
com a 4ª pick no Draft de 2007, logo atrás de Greg Oden, Kevin Durant e Al Horford.
Foi o único base escolhido no top 10 esse ano.
A
primeira época não foi fácil para o base de Memphis, só tendo registado minutos
significativos em Janeiro. Quando parecia capaz de se assumir como o base
titular da equipa do Oeste, a concorrência de Kyle Lowry acabou por relega-lo
para um lugar de role player. Só quando em Fevereiro de 2009 Lowry foi trocado
para os Houston Rockets é que Conley teve, com o novo treinador Lionel Hollins,
a sua oportunidade, afirmando-se como o point guard e terminando a época com
médias de 15 ppg e 6 assistências. O novo contrato, no valor de 40 milhões por
5 anos, não tardou a chegar, apesar de muito criticado pelo seu alegado valor
excessivo.
Desde
então, nunca mais perdeu o seu lugar, tornando-se uma das peças indispensáveis
da equipa de Memphis com 19ppg, 6 assistências e quase 2 steals por jogo. O seu
jogo atingia um novo nível.
Dentro
do court, a sobriedade do jogo de Conley, ainda para mais numa equipa com um
front court gigante constituído por Zach Randolph e Marc Gasol, faz com que o
base passe por vezes despercebido, mesmo após a saída de Rudy Gay. A capacidade
de transportar a bola para o court ofensivo e a velocidade que herdou do seu
pai perdem em protagonismo para a qualidade defensiva de Gasol e Tony Allen,
mas não são de desvalorizar. Um dos grandes segredos do base reside no facto de
ser ambidestro, o que lhe permite finalizar as penetrações no paint com
floaters tanto com a mão esquerda como com a direita, dificultando a tarefa do
defensor. Apesar da velocidade, Conley é bastante paciente a orquestrar a ofensiva,
sendo bastante habilidoso em conseguir oferecer aos atiradores da equipa
lançamentos sem oposição.
Um espectacular crossover de Conley a Matt Barnes, a terminar com o cesto.
A
ofensiva de Memphis, tanto com Hollins com actualmente com Joerger, faz
bastante uso das habilidades e inteligência de Conley, em particular através de
pick and rolls com os gigantes Z.Bo e Big Spain. Mas é mesmo a nível defensivo que o base tem registado uma impressionante evolução, porventura
fruto de partilhar o backcourt com um dos melhores defesas da Liga – Tony Allen.
O base é um dos melhores a defender pick and rolls, graças à sua agilidade, e a
interceptar passes, conseguindo uma média de um par de steals por jogo (na
época passada conseguiu o impressionante registo de 64 jogos seguidos com pelo
menos um roubo de bola).
Em
conclusão, Mike Conley não é um dos melhores jogadores da Liga e dificilmente
será um All-Star num futuro próximo, mas é um caso clássico de um jogador na
equipa certa e de um atleta que soube fazer uso das armas que tinha – agilidade
e facilidade de conduzir e lançar a bola com as duas mãos – para trabalhar a
intensidade do seu jogo, adaptando-as às necessidades da equipa.