sábado, 22 de fevereiro de 2014

D.J. Augustin, o herói improvável


Na passada quarta-feira (dia 19 de Fevereiro) os Bulls deslocaram-se a Toronto, num confronto importante na disputa por um lugar no pódio da Conferência Este. Mas outro ponto de interesse foi o regresso de D.J. Augustin ao Canadá, de onde havia sido dispensado no início de Novembro, na sequência da troca que envolveu a mudança de Rudy Gay para Sacramento. D.J. apareceu no Air Canada Centre com desejo de provar o seu valor e o seu contributo foi determinante, esclarecendo os fãs dos Raptors sobre o valor da peça que tinham deixado sair pela porta pequena: com 19 pontos, com 4 triplos em 5 tentados. O jogo do base nem foi brilhante, mas foi suficiente para provar da sua versatilidade e capacidade para alinhar em qualquer equipa da NBA. Pelo meio, vingou-se de alguns fãs, discutindo com adeptos dos Raptors e festejando efusivamente o sucesso dos Bulls.
                
      Contudo, a presente temporada começou da pior forma possível para D.J. Augustin. Na sua 6ª época na Liga, o base americano aterrou em Toronto depois de uma época em Indiana onde registou o seu recorde de menos minutos por partida. Muito mudou em 2 anos para D.J.: em 2011 era titular em Charlotte, com médias de 14 pontos e 6 assistências, e na recta final de 2013 perdeu espaço na rotação dos Raptors, o que viria a conduzir à sua dispensa. Aos 26 anos D.J. estava sem equipa, cenário nunca animador para um atleta que ambicione a longevidade na NBA.


Os Bulls, feridos por mais uma lesão de Derrick Rose e as perspectivas de um back court órfão de um point guard com calibre para combinar com Boozer, Noah e companhia – Hinrich sente-se mais confortável na posição de atirador e M. Teague desapontou – estavam atentos e poucos dias após D.J. aterrar na free agency garantiram o seu concurso. Os Bulls caminhavam para um abismo, mas a chegada do base veio a coincidir com o ressuscitar da competitividade da equipa e consequente regresso às vitórias, mesmo após a troca de Luol Deng. D.J. Augustin leva, em 34 jogos, um impressionante registo de 14 pontos e 6 assistências, com uma eficácia de 45% da linha de 3 pontos – números esses que sobem para 18 pontos e 7 assistências quando titular.


                D.J. Augustin tornou-se o maestro para uma orquestra desordenada em Chicago. Comparando estatísticas, verifica-se que o base tem uma média de minutos com a bola nas mãos semelhante à Chris Paul, Lillard e Curry. Tom Thibodeau deu-lhe as chaves do carro: é ele quem coordena as ofensivas, promovendo pick and rolls com os gigantes de Chicago que terminam com um lançamento isolado ou a assistência para debaixo do cesto. Mas é sobretudo o clima de confiança nas suas capacidades que elevou o jogo de D.J.: ao contrário do que acontecia em Toronto, o base sabe que não está a um erro de ficar sentado no fundo do banco durante os jogos seguintes, e isso liberta a sua criatividade.
                A influência do base – que coincide igualmente com a afirmação da equipa dos Bulls no 2º lugar da Divisão Central – tem sido destacada pelos próprios colegas e treinador:

“Ele mudou tudo. A equipa estava mal e o D.J. chegou para nos facilitar a ofensiva, marcar pontos. Acredito que sem ele não teria chegado ao jogo All-Star” - Joakim Noah


“Nós tínhamos uma grande necessidade de um base criativo e o D.J. apareceu disponível. Foi excelente timing e uma grande felicidade para nós.” – Tom Thibodeau

                Aos 26 anos, Augustin conquistou o seu lugar na NBA – ou pelo menos em Chicago – e é a prova viva de que na Liga há uma fronteira muito ténue entre o insucesso e os playoffs que pode muitas vezes ser ultrapassada com a adição de um jogador dispensado.