quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Goran Dragic: a força do Dragão

          
     Goran Dragic foi o 45º jogador escolhido no Draft de 2008, seleccionado pelos San Antonio Spurs e prontamente trocado para os Phoenix Suns. A troca, na altura, pouco impacto teve – afinal, quem era este esloveno, a alinhar na equipa espanhola dos Tau Ceramica? O responsável pela aposta foi Steve Kerr, que afirmou, logo na altura, que Dragic era o segundo melhor point guard do Draft (apesar de lá também estarem Derrick Rose, Russell Westbrook, George Hill e Mario Chalmers).

     Dragic aterrou assim em Phoenix, com 22 anos, para ser o backup de Steve Nash. O primeiro ano foi, contudo, decepcionante. Em 55 jogos, com escassos minutos, Dragic obteve uma média de 5 pontos, 2 assistências e… 2 turnovers. A ESPN chegou a considera-lo o pior jogador da Liga. Os adeptos dos Suns apelidaram-nos de “Goran Tragic”. No segundo ano, o cenário melhorou. Dragic começou a jogar mais e, juntamente com Robin Lopez, estabeleceu-se como um dos bons jovens role players dos Suns – terminou a temporada com média de 8 pontos e 3 assistências em 18 minutos, e os Suns conseguiram um impressionante terceiro lugar na conferência Este.


Foi nesse mesmo ano, nas meias-finais de conferência, contra os Spurs, que Dragic começou a aproximar-se da fama.

Jogo 3, San Antonio, Texas.

Os Suns estavam em dificuldades, chegaram a estar a perder por 18 pontos. Até que, no quarto e decisivo período, Goran Dragic apareceu. Nos 12 minutos finais, o base anotou 23 pontos, dominando completamente a partida e conduzindo os Suns à vitória. Nascia Goran “The Dragon” Dragic, que tinha nos seus “dragonshakes” a sua imagem de marca.

O incrível jogo de Dragic contra os Spurs: um dos melhores desempenhos individuais num 4º período dos playoffs da história da NBA.

A época seguinte foi turbulenta. A equipa dos Suns decidiu reformar o plantel – saíram Stoudemire e Leandro Barbosa, chegaram Childress e Turkoglu. O base esloveno teve dificuldades em adaptar-se ao novo grupo e, a meio da época regular, foi trocado para os Houston Rockets por Aaron Brooks (que, na altura, viva também semelhantes dificuldades).
A troca caiu mal ao base, já aficionado pelos Suns. Mas vingou-se e terminou a temporada em grande na cidade de Houston, lançando com uma eficácia de 52% da linha de 3 pontos (!). Na época seguinte, continuou a explodir. Aproveitando a lesão de Kyle Lowry, Dragic conseguiu aumentar as suas médias para uns impressionantes 12 pontos e 5 assistências (18 pontos e quase 9 assistências quando titular). No final da época, tornou-se free agent e Dragic estava preparado para encontrar um lugar que reconhecesse a sua qualidade.



Em 2012, Goran Dragic voltava assim à casa-mãe, assinando um contrato de 4 anos por 30 milhões de dólares. A missão? Substituir Steve Nash.
Contudo, estes eram outros Suns – na verdade, um dos piores da história da equipa, com apenas 25 vitórias. Por entre péssimo basquetebol e mudança de treinador, o base foi o único ponto positivo de uma época para esquecer: 11 pontos, 5 assistências e 3 ressaltos. No final da temporada, nova remodelação: muitos jogadores novos e um novo treinador, Jeff Hornacek.
O novo treinador pegou numa equipa de “trapos” – as previsões apontavam para o fundo da tabela no Oeste – e transformou-a num conjunto com potencial de playoff. Dragic emparelhou-se com Eric Bledsoe no backcourt e rapidamente se adaptou ao ritmo e necessidades colectivas do novo grupo: os Suns começaram em grande e o potencial parecia infinito. 


Porém, quando o ex-Clipper Bledsoe se lesionou gravemente no joelho, prontamente se preparou o funeral da equipa de Phoenix. Mas Dragic, Frye, Green, os irmãos Morris, Tucker e companhia não iam ficar por aqui. Os pupilos de Jeff Hornacek continuaram em grande – batendo, ineditamente, os Indiana Pacers por duas vezes – liderados pelo base esloveno e nova estrela da equipa.
Dragic é um evidente caso de amadurecimento do seu jogo até chegar ao nível do estrelato. Evoluiu de um tímido rookie para um líder de balneário, capaz de assumir o jogo em lances no último segundo – incluindo uma sequência de 4 jogos com mais de 23 pontos. Esta época leva invejáveis médias (20 pontos, 6 assistências, 4 ressaltos), ao nível dos melhores bases da Liga. A isto acresce uma eficácia superior a 50% de lançamento e o rótulo de superestrela dos Suns. Dragic pode não ser All-Star, mas este ano é, até ver, dos melhores bases da NBA.