É raro assistirmos na NBA a equipas caminharem para
o sucesso sem passarem por um período de
tanking (épocas de insucesso que garantem uma boa pick no Draft do ano
seguinte, conseguindo aí pescar alguma superstar) ou recorrendo à atracção de
grandes jogadores em final de contrato (comum em equipas com grandes mercados,
como é o caso dos LA Lakers). Contudo, os Indiana Pacers, e em particular a
lenda viva dos Boston Celtics e da NBA Larry Bird – o presidente das operações
ligadas ao plantel -, resolverem optar pela via old school, e capturar
jogadores pela sua química, capacidade de liderança e polivalência técnica.
Assim, olhando para o cinco inicial – George Hill,
Lance Stephenson, Paul George, David West e Roy Hibbert – encontramos um playmaker (Hill), um facilitador
ofensivo, capaz de arrancar para o cesto a qualquer momento (Stephenson), um
all around player, versátil a defender e a marcar pontos (Paul George) e duas
torres, uma vocacionada para a parte ofensiva (West) e outra que se destaca
pela habilidade para proteger o cesto (Hibbert).
George Hill
leva umas interessantes médias, com 11 pontos, 4 assistências e 4 ressaltos por
jogo. O base de Indiana – adquirido numa troca directa por Leonard, dos Spurs –
está em perfeita harmonia com os atletas que o rodeiam, organizando as
ofensivas e dando a sua contribuição a nível pontual. Quando não está em campo,
C.J. Watson assume o papel de base –
ele que é um dos mais interessantes backup
point guards, particularmente hábil na defesa.
Lance
Stephenson é a grande surpresa da temporada. Lance era, no início desta
época, um jogador desconhecido na NBA – muitos questionavam inclusivamente a
sua capacidade para jogar na Liga. Mas a verdade é que Larry Bird e Frank Vogel
(o treinador dos Pacers) espremeram todo o talento do base, e o ambiente no
balneário ajudou Lance a evoluir e a tornar-se o crónico candidato a Most
Improved Player esta época. Com uma
média de 14 pontos, 5 assistências e 7 ressaltos, Stephenson tornou-se uma
constante ameaça de duplos-duplos, somando já 15 na presente temporada. Como
suplente, Danny Granger – o segundo
jogador mais bem pago do plantel – que está a recuperar a forma após algumas lesões,
contribui como um exímio marcador de pontos.
Paul George
é a estrela da equipa. O ainda jovem jogador tem registado uma evolução
incrível nas duas últimas temporadas, assumindo já o estatuto de Superstar e
All-Star. George é um raro caso de um jogador all around – ou seja, versátil a defender e a atacar – sendo
porventura o segundo melhor jogador na Liga com estas características, atrás de
LeBron James (a Durant falta-lhe a intensidade defensiva destes atletas). A
média de 22 pontos, 4 assistências e 7 ressaltos fala por si só.
David West
traz a experiência a uma equipa jovem. O veterano jogador é um especialista a
conseguir lançamentos dentro da área, sendo ainda bastante eficiente a média
distância. Será um trunfo bastante útil durante os playoffs. Como suplente, Luís
Scola contribui em moldes idênticos.
Por fim, Roy
Hibbert. O poste de Indiana será porventura o jogador mais importante na
construção táctica da equipa: é, actualmente, o melhor defesa da Liga, e causa
dificuldades a qualquer adversário com ideias de penetrar no paint. Na ausência dele, os Pacers já se
precaveram e foram buscar outra torre: Andrew
Bynum.
Nesta análise percebemos a influência de Hibbert no jogo dos Pacers e como o
poste pode ser determinante para vencer os Miami Heat.
Indiana surge, assim, com um dos plantéis mais
interessantes da NBA. Colectivamente, Frank Vogel conseguiu tornar os Pacers na
melhor defesa da Liga – é a equipa que sofre uma média de menos pontos por jogo
e sexta em ressaltos conseguidos. São ainda líderes na classificação da NBA,
com apenas 10 derrotas. Mais do que as estatísticas, impressiona a química
entre os atletas e a forte ambição por títulos. Na Conferência Este, apenas uma
equipa pode rivalizar com o sonho de Indiana: os Heat.
Miami e Indiana
conhecem-se bem depois de uma final de conferência a 7 jogos no ano passado e a
dois confrontos já na presente temporada (com uma vitória para cada lado).
Enquanto líderes da Conferência, ninguém discute o seu favoritismo a regressar
à final esta época. As próprias equipas já têm esse confronto bem presente no
pensamento: como forma de combater o forte jogo interior de Hibbert, os Heat
trabalham para recuperar Greg Oden; em resposta, os Pacers apostaram em Bynum.
A chave para Indiana será conseguir travar LeBron James – o ano passado Paul
George esteve bastante bem a defender o MVP, mas não foi suficiente. Uma coisa
é desde já certa: vem aí um confronto épico nos playoffs!
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