James
Harden, na sua quinta época na NBA, já é considerado um dos melhores shooting guards da Liga – para muitos
até o melhor, face às limitações de Dwyane Wade. Para isso, muito ajuda ser o
8º melhor marcador de pontos, com 24 de média por jogo, a que se juntam 5
assistências e 5 ressaltos. Mas daí a considerar Harden como uma das
superestrelas capaz de carregar a sua equipa ao título vai um longo caminho,
cercado por muitas dúvidas. Mesmo tendo por colega de equipa um dos melhores
postes da NBA em Dwight Howard.
James
Harden começou a carreira como um role
player em Oklahoma que foi gradualmente evoluindo para um 6th man até se tornar uma das figuras da
equipa. Na sua última temporada com os Thunder, quase sempre suplente, acabou
com uns impressionantes 17 pontos por noite. Rapidamente começou a ambicionar
por um maior papel na Liga, o que levou Sam Presti a incluí-lo numas das trocas
mais incompreendidas dos últimos anos que o fez aterrar em Houston, pronto para
assumir o papel de estrela.
A maior crítica apontada ao
atirador de Houston prende-se com a sua incapacidade de se integrar num
conceito de basquetebol de equipa, com movimentações de bola e distribuição dos
lançamentos. Há um certo egoísmo no jogo do All-Star, constantemente procurando
as penetrações para finalizar os ataques com dois pontos ou uma falta que o
leve para a linha de lances livres. O processo é eficaz – Harden é, afinal, um
dos melhores penetradores da Liga – mas dificilmente será suficiente para uma
boa campanha nos playoffs se o
base-atirador não começar a envolver os seus colegas nas ofensivas da equipa.
James Harden precisa de amadurecer o seu jogo e tornar-se o líder da equipa,
não numa perspectiva de egoísmo ofensivo e de assumir excessivos lançamentos
por jogo (alguns bastantes apertados), mas de envolvimento colectivo no ataque
ao cesto adversário.
James Harden monopoliza a bola na
maior parte dos 24 segundos de ofensiva, concluindo os ataques, quase sempre,
com penetrações ou lançamentos sem grande espaço para sucesso. Neste sentido,
regrediu do papel que assumia em OKC, onde o estilo de jogo mais fluído o
obrigava a passar mais a bola. Este excesso de tempo com bola nas mãos
reflecte-se no número de turnovers
por partida – média de 4! – e numa interessante estatística segundo a qual o
atirador dos Rockets é o jogador na NBA que, não sendo point guard, mais retém a bola durante as ofensivas, apenas batido
por LeBron James. A isto acresce que o Rockets são a 25ª equipa em assistências
por jogo.
Se a este problema acrescentarmos
que James Harden não é um bom defesa – nem é isso que a equipa exige dele –
resta reconhecer que o atirador precisa de adaptar o seu jogo em nome do sucesso
do colectivo. Como o treinador e antiga lenda dos Boston Celtics Kevin McHale
tem insistido, é preciso que os seus atletas combatam o instinto para a
individualidade e comecem a favorecer movimentações constantes, em busca do
lançamento isolado.
Um exemplo da péssima abordagem defensiva de James Harden.
Ainda assim, a culpa não pode
cair exclusivamente sobre James Harden. A ausência de qualquer química na
equipa é notória e dificulta qualquer intenção de praticar um jogo ofensivo
mais fluído – relembre-se os problemas com Asik, a difícil relação de McHale
com Jeremy Lin, etc. Mas é aquando da necessidade de mudança que os líderes
aparecem. Cabe a James Harden liderar e ser a estrela que tanto se quis tornar,
percebendo que mais do que marcar pontos, deve ser defesa, playmaker e bloqueador para os seus colegas – da mesma forma que
LeBron se soube adaptar às necessidades da sua nova equipa quando se mudou para
South Beach.