terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Mike Conley - o self-made Grizzly man


     Mike Conley sempre foi um jogador que passou debaixo do radar do detector de All-Stars da Liga. Já no college, em Ohio State, vivia na sombra de Greg Oden, como o sidekick daquele que viria a ser 1ª escolha no Draft. O reconhecimento que ia obtendo publicamente reconduzia-se mais ao facto de ser filho de Mike Conley, Sr., um atleta olímpico norte-americano em triplo-salto, e sobrinho de Steve Conley, antigo linebacker da NFL.
     Contudo, a sua boa época em Ohio – 11ppg e 6 assistências – não passou despercebida ao front office dos Memphis Grizzlies, que o escolheu, apesar dos tenros 19 anos, com a 4ª pick no Draft de 2007, logo atrás de Greg Oden, Kevin Durant e Al Horford. Foi o único base escolhido no top 10 esse ano.


     A primeira época não foi fácil para o base de Memphis, só tendo registado minutos significativos em Janeiro. Quando parecia capaz de se assumir como o base titular da equipa do Oeste, a concorrência de Kyle Lowry acabou por relega-lo para um lugar de role player. Só quando em Fevereiro de 2009 Lowry foi trocado para os Houston Rockets é que Conley teve, com o novo treinador Lionel Hollins, a sua oportunidade, afirmando-se como o point guard e terminando a época com médias de 15 ppg e 6 assistências. O novo contrato, no valor de 40 milhões por 5 anos, não tardou a chegar, apesar de muito criticado pelo seu alegado valor excessivo.
     Desde então, nunca mais perdeu o seu lugar, tornando-se uma das peças indispensáveis da equipa de Memphis com 19ppg, 6 assistências e quase 2 steals por jogo. O seu jogo atingia um novo nível.
                
     Dentro do court, a sobriedade do jogo de Conley, ainda para mais numa equipa com um front court gigante constituído por Zach Randolph e Marc Gasol, faz com que o base passe por vezes despercebido, mesmo após a saída de Rudy Gay. A capacidade de transportar a bola para o court ofensivo e a velocidade que herdou do seu pai perdem em protagonismo para a qualidade defensiva de Gasol e Tony Allen, mas não são de desvalorizar. Um dos grandes segredos do base reside no facto de ser ambidestro, o que lhe permite finalizar as penetrações no paint com floaters tanto com a mão esquerda como com a direita, dificultando a tarefa do defensor. Apesar da velocidade, Conley é bastante paciente a orquestrar a ofensiva, sendo bastante habilidoso em conseguir oferecer aos atiradores da equipa lançamentos sem oposição.

Um espectacular crossover de Conley a Matt Barnes, a terminar com o cesto.

    A ofensiva de Memphis, tanto com Hollins com actualmente com Joerger, faz bastante uso das habilidades e inteligência de Conley, em particular através de pick and rolls com os gigantes Z.Bo e Big Spain. Mas é mesmo a nível defensivo que o base tem registado uma impressionante evolução, porventura fruto de partilhar o backcourt com um dos melhores defesas da Liga – Tony Allen. O base é um dos melhores a defender pick and rolls, graças à sua agilidade, e a interceptar passes, conseguindo uma média de um par de steals por jogo (na época passada conseguiu o impressionante registo de 64 jogos seguidos com pelo menos um roubo de bola).

     Em conclusão, Mike Conley não é um dos melhores jogadores da Liga e dificilmente será um All-Star num futuro próximo, mas é um caso clássico de um jogador na equipa certa e de um atleta que soube fazer uso das armas que tinha – agilidade e facilidade de conduzir e lançar a bola com as duas mãos – para trabalhar a intensidade do seu jogo, adaptando-as às necessidades da equipa.