domingo, 9 de fevereiro de 2014

Indiana Pacers: o início de um dinastia?


É raro assistirmos na NBA a equipas caminharem para o sucesso sem passarem por um período de tanking (épocas de insucesso que garantem uma boa pick no Draft do ano seguinte, conseguindo aí pescar alguma superstar) ou recorrendo à atracção de grandes jogadores em final de contrato (comum em equipas com grandes mercados, como é o caso dos LA Lakers). Contudo, os Indiana Pacers, e em particular a lenda viva dos Boston Celtics e da NBA Larry Bird – o presidente das operações ligadas ao plantel -, resolverem optar pela via old school, e capturar jogadores pela sua química, capacidade de liderança e polivalência técnica.
Assim, olhando para o cinco inicial – George Hill, Lance Stephenson, Paul George, David West e Roy Hibbert – encontramos um playmaker (Hill), um facilitador ofensivo, capaz de arrancar para o cesto a qualquer momento (Stephenson), um all around player, versátil a defender e a marcar pontos (Paul George) e duas torres, uma vocacionada para a parte ofensiva (West) e outra que se destaca pela habilidade para proteger o cesto (Hibbert). 


George Hill leva umas interessantes médias, com 11 pontos, 4 assistências e 4 ressaltos por jogo. O base de Indiana – adquirido numa troca directa por Leonard, dos Spurs – está em perfeita harmonia com os atletas que o rodeiam, organizando as ofensivas e dando a sua contribuição a nível pontual. Quando não está em campo, C.J. Watson assume o papel de base – ele que é um dos mais interessantes backup point guards, particularmente hábil na defesa.

Lance Stephenson é a grande surpresa da temporada. Lance era, no início desta época, um jogador desconhecido na NBA – muitos questionavam inclusivamente a sua capacidade para jogar na Liga. Mas a verdade é que Larry Bird e Frank Vogel (o treinador dos Pacers) espremeram todo o talento do base, e o ambiente no balneário ajudou Lance a evoluir e a tornar-se o crónico candidato a Most Improved Player esta época.  Com uma média de 14 pontos, 5 assistências e 7 ressaltos, Stephenson tornou-se uma constante ameaça de duplos-duplos, somando já 15 na presente temporada. Como suplente, Danny Granger – o segundo jogador mais bem pago do plantel – que está a recuperar a forma após algumas lesões, contribui como um exímio marcador de pontos.

Paul George é a estrela da equipa. O ainda jovem jogador tem registado uma evolução incrível nas duas últimas temporadas, assumindo já o estatuto de Superstar e All-Star. George é um raro caso de um jogador all around – ou seja, versátil a defender e a atacar – sendo porventura o segundo melhor jogador na Liga com estas características, atrás de LeBron James (a Durant falta-lhe a intensidade defensiva destes atletas). A média de 22 pontos, 4 assistências e 7 ressaltos fala por si só.

David West traz a experiência a uma equipa jovem. O veterano jogador é um especialista a conseguir lançamentos dentro da área, sendo ainda bastante eficiente a média distância. Será um trunfo bastante útil durante os playoffs. Como suplente, Luís Scola contribui em moldes idênticos.

Por fim, Roy Hibbert. O poste de Indiana será porventura o jogador mais importante na construção táctica da equipa: é, actualmente, o melhor defesa da Liga, e causa dificuldades a qualquer adversário com ideias de penetrar no paint. Na ausência dele, os Pacers já se precaveram e foram buscar outra torre: Andrew Bynum.

Nesta análise percebemos a influência de Hibbert no jogo dos Pacers e como o poste pode ser determinante para vencer os Miami Heat.

Indiana surge, assim, com um dos plantéis mais interessantes da NBA. Colectivamente, Frank Vogel conseguiu tornar os Pacers na melhor defesa da Liga – é a equipa que sofre uma média de menos pontos por jogo e sexta em ressaltos conseguidos. São ainda líderes na classificação da NBA, com apenas 10 derrotas. Mais do que as estatísticas, impressiona a química entre os atletas e a forte ambição por títulos. Na Conferência Este, apenas uma equipa pode rivalizar com o sonho de Indiana: os Heat.

            Miami e Indiana conhecem-se bem depois de uma final de conferência a 7 jogos no ano passado e a dois confrontos já na presente temporada (com uma vitória para cada lado). Enquanto líderes da Conferência, ninguém discute o seu favoritismo a regressar à final esta época. As próprias equipas já têm esse confronto bem presente no pensamento: como forma de combater o forte jogo interior de Hibbert, os Heat trabalham para recuperar Greg Oden; em resposta, os Pacers apostaram em Bynum. A chave para Indiana será conseguir travar LeBron James – o ano passado Paul George esteve bastante bem a defender o MVP, mas não foi suficiente. Uma coisa é desde já certa: vem aí um confronto épico nos playoffs!



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