terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Fear the beard: uma ameaça ofensiva para os adversários, um problema para os Rockets


     James Harden, na sua quinta época na NBA, já é considerado um dos melhores shooting guards da Liga – para muitos até o melhor, face às limitações de Dwyane Wade. Para isso, muito ajuda ser o 8º melhor marcador de pontos, com 24 de média por jogo, a que se juntam 5 assistências e 5 ressaltos. Mas daí a considerar Harden como uma das superestrelas capaz de carregar a sua equipa ao título vai um longo caminho, cercado por muitas dúvidas. Mesmo tendo por colega de equipa um dos melhores postes da NBA em Dwight Howard.
     
     James Harden começou a carreira como um role player em Oklahoma que foi gradualmente evoluindo para um 6th man até se tornar uma das figuras da equipa. Na sua última temporada com os Thunder, quase sempre suplente, acabou com uns impressionantes 17 pontos por noite. Rapidamente começou a ambicionar por um maior papel na Liga, o que levou Sam Presti a incluí-lo numas das trocas mais incompreendidas dos últimos anos que o fez aterrar em Houston, pronto para assumir o papel de estrela.


A maior crítica apontada ao atirador de Houston prende-se com a sua incapacidade de se integrar num conceito de basquetebol de equipa, com movimentações de bola e distribuição dos lançamentos. Há um certo egoísmo no jogo do All-Star, constantemente procurando as penetrações para finalizar os ataques com dois pontos ou uma falta que o leve para a linha de lances livres. O processo é eficaz – Harden é, afinal, um dos melhores penetradores da Liga – mas dificilmente será suficiente para uma boa campanha nos playoffs se o base-atirador não começar a envolver os seus colegas nas ofensivas da equipa. James Harden precisa de amadurecer o seu jogo e tornar-se o líder da equipa, não numa perspectiva de egoísmo ofensivo e de assumir excessivos lançamentos por jogo (alguns bastantes apertados), mas de envolvimento colectivo no ataque ao cesto adversário.

James Harden monopoliza a bola na maior parte dos 24 segundos de ofensiva, concluindo os ataques, quase sempre, com penetrações ou lançamentos sem grande espaço para sucesso. Neste sentido, regrediu do papel que assumia em OKC, onde o estilo de jogo mais fluído o obrigava a passar mais a bola. Este excesso de tempo com bola nas mãos reflecte-se no número de turnovers por partida – média de 4! – e numa interessante estatística segundo a qual o atirador dos Rockets é o jogador na NBA que, não sendo point guard, mais retém a bola durante as ofensivas, apenas batido por LeBron James. A isto acresce que o Rockets são a 25ª equipa em assistências por jogo.


Se a este problema acrescentarmos que James Harden não é um bom defesa – nem é isso que a equipa exige dele – resta reconhecer que o atirador precisa de adaptar o seu jogo em nome do sucesso do colectivo. Como o treinador e antiga lenda dos Boston Celtics Kevin McHale tem insistido, é preciso que os seus atletas combatam o instinto para a individualidade e comecem a favorecer movimentações constantes, em busca do lançamento isolado.

Um exemplo da péssima abordagem defensiva de James Harden.

Ainda assim, a culpa não pode cair exclusivamente sobre James Harden. A ausência de qualquer química na equipa é notória e dificulta qualquer intenção de praticar um jogo ofensivo mais fluído – relembre-se os problemas com Asik, a difícil relação de McHale com Jeremy Lin, etc. Mas é aquando da necessidade de mudança que os líderes aparecem. Cabe a James Harden liderar e ser a estrela que tanto se quis tornar, percebendo que mais do que marcar pontos, deve ser defesa, playmaker e bloqueador para os seus colegas – da mesma forma que LeBron se soube adaptar às necessidades da sua nova equipa quando se mudou para South Beach.